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domingo, 14 de setembro de 2014

--- Espaço da Poesia não Palindrômica.

Hoje é o Dia Internacional do anti-tababismo. Se fuma, aproveite a data pare abandonar o maldito vício. Com certeza, você irá comemorá-la o resto da sua vida. Veja esse video


Vídeo com história de fumante curitibano choca ao mostrar quando o cigarro não mata.
A "FALA DA VÍTIMA" também em Curitiba. Quanta coisa ainda podemos fazer com qualidade. A criação do filme é da agência OpusMúltipla e a produção é assinada pela The Youth.
Acorde sociedade civil e exerça o CONTROLE SOCIAL como se deve. 



https://www.youtube.com/watch?t=30&v=xb6bwG9y0ew

 
Para ouvir a gravação do samba do fumante, clique no link abaixo. 

https://www.youtube.com/watch?v=YNn2SepwJ00

Alexandre Milagres.
--
 CAT - Centro de Apoio ao Tabagista
Núcleo de estudos do tabaco

Ação política no controle do tabagismo
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"Fumar pra quê, meninas e meninos?" 
http://www.cigarro.med.br



https://soundcloud.com/jos-soares-3/samba-do-fumante-autor-r-mulo

Digite no google: SAMBADOFUMANTE/ROMULO MARINHO


SAMBA DO FUMANTE

Autor: Rômulo Marinho – Intérprete Gisa Pitan

Eu sou fumante a luz do sol e do neon
Quem não gosta de cigarro 
Desconhece o que é bom
Também não sabe que a bronquite infernal, 
juntamente com o pigarro, 
São meu charme matinal
Por isso eu sopro por aí muita fumaça,
com alegria pose e graça, poluindo os salões...
E assim, de cores, consegui os tons mais belos
são meus dentes amarelos 
E marrons os meus pulmões;

Para meus brônquios alcatrão é vitamina
e a doce nicotina esperança de troféu
pois do tabaco hei de ter a minha flor
um fantástico tumor que me levará ao céu
mas se não ganho afinal um caranguejo
hã ainda o desejo que eu quero consumado
já que não posso ter de tudo eu quero parte,
pelo menos um enfarte pra também ser safenado

a impotência não assusta camarada
vale mais uma tragada que o prazer sexual
um enfisema não está fora dos meus planos
pois, fumante há muitos, anos o evento é natural.
Uma gastrite duodenal, uma esclerose, 
finalmente, em dupla dose, 
Sei que um dia vou ganhar
E vou vivendo assim feliz a minha vida

até que a morte bem sofrida possa então nos separar.

Obs. A gravação você pode encontrar na inernet, entre outras músicas de minha autoria.

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15/08/15 - Dando uma olhada no meu pomar para examinar os estragos que formigas saúvas fizeram num pequeno abacateiro que plantei, acabei vendo, ao mesmo tempo, no gramado, dois montes de terra extraída do solo por cupins. Enquanto isso, as cigarras infernizavam meus ouvidos. Alguns dizem que cigarra canta. Não é verdade. Esse bicho só faz barulho. Que trinca barra-pesada. Fiquei intrigado com essas pequeninas criações de Deus e fiz uma trova. Espero que ele me perdoe por este desaforo.

De Deus não senti firmeza,
Fato que muito me intriga:
Por que pôs natureza
Cupim, petralha e formiga?  

Obs. era para escrever "cigarra", mas de repende saiu "petralha". Aí deixei. Não vou, afinal, modificar o que meu subconsciente criou. Ademais, cigarra ou petralha a métrica foi respeitada. Cigarra e petralha fazem barulho no mesmo rítimo e são profundamente repetitivos, como sew o pessoal estivesse acreditandndo: doação legal...doação legal... doação legal. Acrecentaram aogra "dentro dos parâmetros...". 

O mundo político me deu mil razões para mais um palíndromo, mas esta semana vou passar em branco, registrando apenas a maravilhosa oportunidade que a presidanta (já que eles avacalharam mesmo o nosso idioma, creio que também tenho o direito de dar minha ajudinha) me forneceu ao dizer – se referindo a si mesmo, em comício oficializado (pois as despesas correram por nosa conta), que enverga, mas não quebra. Mas e o Brasil? Pode? Quem quebrou? Só por isso, amanhã, vamos dar umas voltinhas pelas nossas avenidas, gritando que, não obstante os petralhas tenham quebrado o Brasil, nós nunca nos envergaremos. 

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O poeta Sótades da Maroneia, patrono deste blog, além do palíndromo, foi também o inventor do verso sotádico*. Nada mais justa, penso, a reserva deste espaço àqueles que mal acordam já estão a brincar com as palavras na incessante busca da poesia e, quase sempre, da felicidade. Assim, jamais poderíamos ignorá-la e convenhamos, nada mais belo do que a vida, em todas as suas formas, contada - e cantada - em versos, sejam eles palindrômicos ou não. 
*Versos sotádicos são aqueles que, na leitura vice-versa, têm o mesmo sentido.
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No espaço da poesia não palindrômica desta semana obra do poeta Waldo Luis Viana, numa atlética e esforçada tentativa do escrever um poema. Não é que o gajo teve êxito em sua comovente empreitada e chegou a bom termo.  

TENTATIVA DE POEMA

WALDO LUIS VIANA

Olha,
Por mais que eu tente
Lhe transferir um poema
Delicado e pungente,
Vejo que me faltam
Palavras, molhos
E tremas,
Que enferrujei
Os reflexos léxicos
E me tornei escravo
D’outras prevaricações
No desenrolar da noite.

Sabe,
Sorrir pr’outros objetos,
Lambuzados de abajur
E solidão,
Como me tristece o ser
E o serão
Não sonhar
Com seus afetos?

Que pedirei
Ao contorno escuro
Além de mentiras, angústias
E outros tantos
Problemas?

E o corvo d’outras noites
Respondeu-me baixinho,
Aposentado,
Displicente:
“Um poema, meu caro,
Nem que você
Não o tente...”


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WALDO LUÍS VIANA, ACESSAR:
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19/06/15 - 
DE QUE SERVE VIVER TANTOS ANOS SEM AMOR. 

Antônio Maria

De que serve viver tantos anos sem amor. 
Se viver é juntar desenganos de amor. 
Se eu morresse amanhã de manhã 
Não faria falta a ninguém, 
Eu teria um enterro qualquer, 
Sem saudade, sem luto também. 

Ninguém me procura ninguém, 

Ninguém telefona ninguém, 
Eu grito, o eco responde ninguém, 
Se eu morresse amanhã de manhã, 
Minha falta ninguém sentiria 
O que eu fui, o que eu fiz, 
Ninguém se lembraria. 


E o conheci. Eu era ainda muito jovem. Deu-me alguns conselhos. Muito inteligente, mas estava enganado. Até hoje nos lembramos muito dele, da sua poesia, de suas canções, de suas crônicas, do seu bom humor. Ele foi um grande mestre. Valente, combatia seus adversários e inimigos – e ele os teve muitos - com fina ironia. Foi apaixonado pela Danuza Leão... mas isso é outra estória. 

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12/06/1
À BELA ADORMECIDA 

Waldo Luis Viana

Dormindo,
Indefesa, infinda,
Deitada e simples
Que te vejo,
Em vigília,
Se te copiasses,
Confiante
Como agora,
Seria de invejar
Nosso destino...


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09/05/15 - DIA DAS MÃES

MINHA MÃE

Casimiro de Abreu

Da pátria formosa distante e saudoso,
Chorando e gemendo meus cantos de dor,
Eu guardo no peito a imagem querida
Do mais verdadeiro, do mais santo amor:
– Minha Mãe!

Nas horas caladas das noites de estio,
Sentado sozinho co’a face na mão,
Eu choro e soluço por quem me chamava
– “O’ filho querido do meu coração!”.
– Minha Mãe!

No berço pendente dos ramos floridos
Em que eu pequenino feliz dormitava;
Quem é que esse berço com todo o cuidado,
Cantando cantigas, alegre, embalava?
– Minha Mãe!

De noite, alta noite, quando eu já dormia,
Sonhando esses sonhos dos anjos dos céus,
Quem é que os meus lábios dormentes roçava,
Qual anjo da guarda, qual sopro de Deus?
– Minha Mãe!

Feliz o bom filho que pode contente
Na casa paterna, de noite e de dia,
Sentir as carícias do anjo de amores,
Da estrela brilhante que a vida nos guia!
– Uma Mãe!

Por isso, eu agora, na terra do exílio,
Sentado sozinho, co’a face na mão,
Suspiro e soluço por quem me chamava:
- “O’ filho querido do meu coração!”.

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02/05/15 - DESENCANTO

Manoel Bandeira

Eu faço versos como quem chora
De desalento , de desencanto
Fecha meu livro se por agora
Não tens motivo algum de pranto

Meu verso é sangue , volúpia ardente
Tristeza esparsa , remorso vão
Dói-me nas veias amargo e quente
Cai gota à gota do coração.

E nesses versos de angústia rouca
Assim dos lábios a vida corre
Deixando um acre sabor na boca

Eu faço versos como quem morre.

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25/04/15 - Vinicius de Moraes

"São demais os perigos desta vida
Pra quem tem paixão principalmente
Quando uma lua chega de repente
E se deixa no céu, como esquecida
E se ao luar que atua desvairado
Vem se unir uma música qualquer
Aí então é preciso ter cuidado 
Porque deve andar perto uma mulher..."

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11/04/2015 - Os poetas, em todo o tempo atentos à inércia de repouso ou de 
movimento dos governos, quando lhes é dada a palavra, não perdem um momento 
para sátiras. Leiam este soneto feito à época do império sobre o parlamentarismo. 
Assim versejou o padre Correia de Almeida em mil oitocentos e sessenta e poucos. 
Vejam se não é atualíssimo:

Os dois estragadíssimos partidos
Ocupam a seu turno a liderança
E nós imos vivendo de esperança
De ver os nossos males combatidos

Os quinhões são de novo repartidos

Toda vez que se dá qualquer mudança
Se aquele outrora encheu, este enche a pança
E os clamores do povo são latidos

Se as velhas leis têm sido violadas

Estando nossas crenças abaladas
Novas leis nos darão melhores normas

Palavras eu não sei se adubam sopas

Mas a fala do trono é que não poupa
Reformas e reformas e reformas.


Tão Brasil, como diria Manoel Bandeira.

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04/04/2015 - Certa vez o meu amigo Evaldo Gouveia – com quem tive a honra de compor algumas canções - me deu uma linda melodia de sua autoria (coisa banal para ele, tremendo músico) para eu colocar – como dizem os compositores - uma letra. Os compositores não se julgam poetas. São apenas letristas. A melodia me deixou meio triste. Achei que era uma música destinada a falar de solidão. Assim nasceu “Sozinho de Você”:

SOSINHO DE VOCÊ NÃO SOU NINGUÉM... E VOU ALEM:
NEM SEI SE VALE A PENA SER ALGUÉM.
SÓ SEI QUE MINHA FELICIDADE TAMBÉM ANDA DISTANTE DE MIM...
E A VIDA SEM VOCE É SEMPRE ASSIM.

EU ANDO TÃO CARENTE DE VOCÊ QUE, SEM QUERER,
ATÉ JÁ APRENDI DE SOLIDÃO.
DOEU, MAS FOI PARA VALER.
A SUTILEZA DA LIÇÃO,
EU NUNCA PUDE ENTENDER
MEU CORAÇÃO,.
NEM OS MISTÉRIOS DO AMOR, CARRASTO ETERNO DA RAZÃO,
POIS SEM VOCÊ ME SINTO SÓ
ATÉ NA MULTIDAO.

Obs. Esta canção foi gravada por Ângela Regina, uma das melhores cantoras de Brasília. 

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28/03/2015 - Hoje ocupo o espaço com versos de um poeta popular do nosso cancioneiro, que foi muito meu amigo:
Manoel Brigadeiro. 

Tem Bobo pra Tudo.

Samba

Autor: Manoel Frederico Soares, o Brigadeiro do Samba. 

Quem não tem violão, nem pistom, toca surdo,
Sempre agrada porque nesse mundo tem bobo pra tudo.
Camelô na conversa ele vende algodão por veludo, 
Não tem bronca porque nesse mundo tem bobo pra tudo.
A mulher que é bonita consegue o que quer, não me iludo, 
E concordo porque nesse mundo tem bobo pra tudo.
Todo mal do sabido é pensar que não é enganado, 
Quantas vezes também como bobo já fui apontado.
Tem alguém que é bobo de alguém apesar do estudo,
Tá provado porque nesse mundo tem bobo pra tudo...


Manoel Frederico Soares, o Brigadeiro, carioca da gema, faleceu ontem em Brasília e  foi sepultado hoje, pela manhã, no Campo da Esperança da nossa Capital. Era funcionário público aposentado, do Ministério dos Transportes. Passou a residir em Brasília em 1970. Sua obra musical mais conhecida é o samba “Tem Bobo pra Tudo”, grande sucesso dos anos 60. Foi presidente da Associação das Escolas de Samba de Brasília e um grande incentivador da MPB na nossa terra. Deus o tenha. 

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Este falar sem versos rimados, também é poesia.

"De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto." 
Rui Barbosa - Senado Federal. Rio de Janeiro, DF

Trecho do discurso "Requerimento de Informações sobre o Caso do Satélite - II". Não há original no Arquivo da FCRB.

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confissão

CHARLES BUKOWSKI

(Tradução: Jorge Wanderley)

esperando pela morte
como um gato
que vai pular
na cama
sinto muita pena de
minha mulher
ela vai ver este
corpo
rijo e
branco
vai sacudi-lo talvez
sacudi-lo de novo:
hank!
e hank não vai responder
não é minha morte que me
preocupa, é minha mulher
deixada sozinha com este monte
de coisa
nenhuma.
no entanto
eu quero que ela
saiba
que dormir todas as noites
a seu lado
e mesmo as
discussões mais banais
eram coisas
realmente esplêndidas
e as palavras
difíceis
que sempre tive medo de
dizer
podem agora ser ditas:
eu te
amo.

Charles Bukowski Jr (nascido Heinrich Karl Bukowski; Andernach, 16 de agosto de 1920 —Los Angeles, 9 de março de 1994) foi um poeta, contista e romancista estadunidense nascido na Alemanha. Sua obra de caráter (inicialmente) obsceno e estilo totalmente coloquial,  com descrições de trabalhos braçais, tipo Anacreonte, porres homéricos e relacionamentos baratos, fascinaram gerações que buscavam uma obra com a qual pudessem se identificar.


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08/O2/2015 - DIA INTERNACIONAL DA MULHER 

Poema de Carlos Drumond de Andrade 

MULHER

Para entender uma mulher
é preciso mais que deitar-se com ela…
Há de se ter mais sonhos e cartas na mesa
que se possa prever nossa vã pretensão…

Para possuir uma mulher
é preciso mais do que fazê-la sentir-se em êxtase
numa cama, em uma seda, com toda viril possibilidade… Há de se conseguir
fazê-la sorrir antes do próximo encontro

Para conhecer uma mulher, mais que em seu orgasmo, tem de ser mais que
amante perfeito…
Há de se ter o jeito certo ao sair, e
fazer da saudade e das lembranças, todo sorriso…

- O potente, o amante, o homem viril, são homens bons… bons homens de
abraços e passos firmes…
bons homens pra se contar histórias… Há, porém, o homem certo, de todo
instante: O de depois!

Para conquistar uma mulher,
mais que ser este amante, há de se querer o amanhã,
e depois do amor um silêncio de cumplicidade…
e mostrar que o que se quis é menor do que o que não se deve perder.

É esperar amanhecer, e nem lembrar do relógio ou café… Há que ser mulher,
por um triz e, então, ser feliz!

Para amar uma mulher, mais que entendê-la,
mais que conhecê-la, mais que possuí-la,
é preciso honrar a obra de Deus, e merecer um sorriso escondido, e também
ser possuído e, ainda assim, também ser viril…

Para amar uma mulher, mais que tentar conquistá-la,
há de ser conquistado… todo tomado e, com um pouco de sorte, também ser
amado!”
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Anacreonte 

AO BEBER

Bebe a terra quando chove;
As Plantas bebem da terra,
O mar bebe o ar, e o sol
Das águas, que o mar encerra.

Ao mesmo sol bebe a lua. 
Tudo bebe. E sendo assim,
Porque razão, de beber
Me quereis privar a mim. 



28/02/15 - Poeta grego. Anacreonte (Dados biográficos extraídos da saite Escamandro) contemporâneo de Safo, viveu entre os séculos VI e V a.C. Foi bastante popular, tanto em vida quanto depois de sua morte. Máximo de Tiro dizia que até mesmo as crianças o amavam por suas palavras doces e cantos graciosos. Não se pode dizer, como Ateneu, que ele fez depender toda sua arte literária da intoxicação, mas, sua poesia, em boa parte dizia a respeito ao vinho, aos banquetes e ao amor (Antípater da Sidônia, na Antologia Palatina, o apresenta como um devoto das Musas, Eros e Dioniso) 

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21/02/2015 - A biografia de Safo (Psappha, como a própria assinava no dialeto eólico) é um tanto controversa. (Muito do que se diz a seu respeito está envolto em lendas). Nasceu em Eresos, uma cidade da fértil ilha grega de Lesbos (fato que deu origem ao termo "lésbica", derivado da interpretação dos poemas da mesma, cujos versos tinham grande conteúdo emocional dirigido a outras mulheres), entre 630 e 612 a.C (não se sabe o ano preciso) tendo se mudado para Mytilene, sua capital e principal cidade, ainda menina (observação pessoal: sempre achei curioso que só no idioma português o nome de Safo tenha dado origem ao adjetivo depreciativo "safado", em face do comportamento social - não considerado libertino à época - da consagrada poetisa. Seriam os portugueses excessivamente mais moralistas do que outros povos de línguas neo-latinas? Alguém aí quer responder?) Finalmente, ainda no terreno da criação de palavras, eu e meus amigos - quando eu era um jovem (e fui, acreditem) tijucano do Rio - considerávamos "safo" um cara esperto, porreta, vivo, etc.)  

Já em 593 a.C. Safo figurava dentre os aristocratas deportados para a cidade de Pirra (também na ilha de Lesbos) por conspiração. Safo já tomava parte da vida pública (na política e na poesia) aos 19 anos. O ditador Pítaco - se fosse hoje seria petista - temendo-lhe a escrita, condenou-a a um exílio mais distante, fora da ilha de Lesbos.

Sobre tal exílio: 

Era Pitaco ditador de Mytilene, a maior das cinco cidades de Lesbos. Os comerciantes e cidadãos menos abastados derrubaram a aristocracia, fazendo de Pitaco o ditador, nos moldes do seu contemporâneo e amigo Sólon. Tentando a retomada do poder, os aristocratas conspiram, e são novamente derrotados, sendo exilados seus líderes, dentre os quais o poeta Alceu e Safo. Alceu teria sido um poeta que mesclara sua arte com a política, num estilo todo próprio que se diz “alcaico” e teria sido, certamente, mais conhecido não tivesse ao lado a grandeza de Safo. No primeiro exílio, em Pirra, consta que Alceu lhe teria feito uma proposta amorosa:

            "Oh pura Safo, de violetas coroada 
             e de suave sorriso, queria dizer-te algo,
             mas a vergonha me impede."

Não se sabe se este affair teve consequências, mas que Safo respondera-lhe, então: 

             Se teus desejos fossem decentes e nobres
             e tua língua incapaz de proferir baixezas,
             não permitirias que a vergonha te nublasse 
             os olhos - diria claramente aquilo que desejasses". 

        Alceu dedicou-lhe muitas odes e serenatas.

Por volta de 591 a.C. Safo parte para a Sicília. Lá casou-se com um rico comerciante de Andros que, falecendo pouco tempo após o casamento, deixou-lhe uma rica herança e uma filha, Cleis, que a mãe assim definia: "dourada flor que eu não trocaria por toda a Lídia, nem pela formosa Lesbos".

Após cinco anos exilada, volta para Lesbos, onde logo se torna a líder da sociedade local, no plano intelectual. Sedutora, não dotada da beleza na concepção grega da época (embora Sócrates a houvesse denominado "A Bela"), Safo era baixa e magra, olhos e cabelos negros, e de refinada elegância, viúva e vivendo numa sociedade que não tinha regras morais como hoje se concebem.

A escola de Safo - o amor em Lesbos

Safo concebeu uma escola para moças, onde lecionaria a poesia, dança e música - considerada a primeira "escola de aperfeiçoamento" da história. Ali as discípulas eram chamadas de hetairai (amigas) e não alunas. Safo apaixounava-se por todas as suas amigas, dentre elas, aquela que viria a tornar-se sua maior amante, Atis - a favorita, que descrevia sua mestra como vestida em ouro e púrpura, coroada de flores. Mas Atis apaixona-se por um moço e, com ciúmes, Safo dedica-lhe os versos:
    
"Semelhante aos deuses 
parece-me que há de ser o feliz
mancebo que, sentado à tua frente, 
ou ao teu lado, te contemple 

e, em silêncio, te ouça a argente a voz

e o riso abafado do amor. Oh, isso – 
isso só - é bastante para ferir-me
o perturbado coração, fazendo-o

tremer dentro do meu peito!

Pois basta que, por um instante,
eu te veja para que, como por magia,
minha voz emudeça;sim, basta isso, 

para que minha língua se paralise,

e eu sinta sob a carne impalpável fogo
a incendiar-me as entranhas.
Meus olhos ficam cegos e um 
fragor de ondas soa-me aos ouvidos;

o suor desce-me em rios pelo corpo, um tremor (…)

A aluna foi retirada da escola por seus pais, e Safo escreve que 
         
           "seria bem melhor 
            para mim se tivesse morrido".

A morte controversa

Tantos milênios passaram-se após a vida desta figura feminina excepcional, que a humanidade viveu momentos de glória e desprezo sobre sua arte e personalidade. Em 1073 suas obras, junto com as de Alceu, foram queimadas em Constantinopla e em Roma. Mas foram redescobertas poesias dela em1897.

Safo foi chamada de "cortesã" (prostituta), por Suidas. E contavam que havia se suicidado pulando de um precipício na ilha de Leucas, apaixonada pelo marinheiro Faonte - fato que é descrito também em Menandro, Estrabão e Ovídio. Mas há consenso de que isto seja verdadeiramente mítico. Escritos sobreviventes dão Safo como tendo atingindo a velhice, e o certo é que não se sabe como nem quando ela morreu, sendo considerada por alguns a maior de todas as poetisas.

Honras a Safo

Sua poesia era considerada das mais sublimes. Dentre os gregos que lhe foram contemporâneos e pósteros, Safo era considerada uma dos chamados "Nove Poetas Líricos" (os outros eram: Álcman,Alceu, Estesícoro, Íbico, Anacreonte, Simônides, Píndaro e Baquílides). Estrabão escrevera que 

            "Safo era maravilhosa, pois em todos os tempos que temos 
              conhecimento não sei de outra mulher que a ela se tenha 
              comparado, ainda que de leve, em matéria de talento poético."

Assim como Homero era conhecido como "o Poeta", Safo era conhecida como "a Poetisa".

Narram, ainda, os historiadores, que tendo Excetides declamado um canto de louvor de Safo para Sólon, seu tio, este pediu que o moço o ensinasse todo, de tanto que o agradou. Alguém então perguntou-lhe para quê queria tal coisa, ao que o célebre jurista respondeu: "Quero aprendê-lo, e depois morrer!"

Mas nenhum epigrama foi mais próximo ao êxtase que seus versos provocavam do que este:
         
         Há quem afirme serem nove as musas. 
         Que erro! Pois não vêem que Safo de Lesbos é a décima?

  (Texto, com pequenos comentários e irrelevantes revisões feitas por mim, extraído da Wikipédia)

PALÍNDROMO DO AMOR EM LESBOS.

REVIVER É VIVER:
A DIVA, A VIVA,
A LEDA DOMA,
ADIA A DAMA
AMOR AO VIVO,
O VIVO AROMA.
AMADA AIDA,
À MODA DELA,
AVIVA A VIDA.
REVI, VER É VIVER

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GENEROSIDADE TEMOTEANA. 

14/02/15 = Queria inaugurar este espaço com um soneto de um dos maiores sonetistas vivos que conheço, o super talentoso poeta baiano Antonio Temóteo dos Anjos. Assim, em junho do ano passado, remeti ao mesmo um e-mail falando sobre esse espaço do blog, dedicado a poesia não palindrômica, e dizendo que gostaria de inaugurá-lo com um soneto de sua autoria e, se possível, inédito. Ele, então, generosamente, me encaminhou esta jóia dedicada, imerecidamente, a mim. Não obstante certo de que se tratava de um belíssimo poema, recusei-me a publicá-lo. Ele ficou um pouco agastado comigo, percebi. O tempo passou e amenizou o impacto. Se fosse mais modesto, não o publicaria jamais, mas não posso privar os leitores desses articuladíssimos versos. Perdoem-me. Não resisti. Assumo meu cabotinismo. 


PARA RÔMULO MARINHO


Antonio Temóteo dos Anjos.

Como o genial palíndromo é você, 
um homem harmonizado e aferido
nos pesos, nas medidas, nos porquês, 
na augusta criação que dá sentido. 

 Um alfaiate, um mago que antevê
 a junta, a liga, os pontos escondidos
 e usando a fina argúcia vai coser
 articuladas partes, num partido. 

Artista da palavra, verso e frase, 
escolhe cada letra em cada fase
com a paciência de Santo Agostinho, 

da esquerda pra direita e vice-versa, 
a frase faz sentido e se alicerça
na arquitetura de Rômulo Marinho.

Abaixo troca de correspondência entre mim e o poeta. E,T  Recomendo a leitura do poema que inaugurou este espaço, É lindo e sensual. RM

------ Mensagem encaminhada -------
De: rtmdf@terra.com.br
Para: temoteo@terra.com.br
CC:
Assunto: Resposta à resposta do amigo.
Data: 11/06/2014 22h19min40s UTC

Prezado Temótio: suas generosas palavras sobre minhas criações palindrômicas me enchem de júbilo. Gratíssimo!!! Novidade: vou abrir um espaço no meu blog para a poesia contemporânea (14/02/15 - era a idéia à época). Ficaria muito feliz e agradecido se pudesse inaugurá-lo com um dos seus fantásticos sonetos, se possível, inédito. Se concordar, aguardo remessa, se possível, até sexta, à noite. Com meus antecipados agradecimentos, mando-lhe aquele fraterno abraço. Rômulo 


On Ter 17/06/14 15:29 , temoteo@terra.com.br sent:
Rômulo, meu costureiro intelectual que tanto admiro. Eis o nosso soneto                              

PARA RÔMULO MARINHO                                                                                                  

Como o genial palíndromo é você,                                                                                        ............................................
.................................................

------ Mensagem encaminhada -------
De: rtmdf@terra.com.br
Para: temoteo@terra.com.br
CC:
Assunto: Resposta à resposta do amigo.
Data: 11/06/2014 22h19min40s UTC

Em Qua 11/06/14 23:43, rtmdf@terra.com.br escreveu:

Caríssimo Timóteo: estou perplexo. Gostei, mas não posso publicar. Serei eleito o blogueiro mais cabotino da internet. Pelo amor de Deus, me manda outro soneto para eu inaugurar o “Espaço da Poesia” no meu blog. Pode não ser inédito, mas que você goste muito. Você tem algumas poesias muitos sensuais, quase eróticas. Quem sabe uma delas. Para esse próximo sábado, que é o dia em que tenho mais acessos. Mil abraços. Rômulo. 

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07/02/2015 - A VIDA

Áureo Melo.

A vida é como um trem que vai passando;
Cada vagão é um ano transcorrido,
Puxado por um coração sofrido, 
Aos poucos da estação se distanciando
Levando histórias do que foi vivido

Esses tablóides cheios vão rodando
Nos trilhos do mistério indefinido,
Levando histórias do que foi vivido,
Do infante ao velho que já foi findado.

Às vezes passa, mais de oitenta ou cem
Vagões repletos de produtos  vários
(o conteúdo vivencial do trem)

E sempre apita um derradeiro adeus
Como se fosse um som de Stradivarius
Se despedindo dos amores seus...

Áureo Bringel de Melo, nascido em Porto Velho, em 15 de junho de 1924 e falecido em Brasília em 21/01/2015, foi advogado, jornalista, poeta, contista e político. Foi, ainda, deputado federal pelo Amazonas e pelo Estado da Guanabara e senador pelo Amazonas.  O Estado de Rondônia é oriundo de projeto de lei de sua autoria. Filho de Hugo Viveiros de Melo e de Elvira Bringel de Melo. Após residir em Guajará-Mirim foi estudar em Manaus, onde se graduou em Direito pela Universidade Federal do Amazonas em 1945, atuando como advogado e depois como auxiliar, escrevente e oficial da secretaria do Tribunal de Justiça do estado. Na capital amazonense fundou A Crítica, trabalhou no Diário da Tarde, no Jornal do Comércio e Rádio Baré.  Áureo era um grande orador e um sonetista de primeira grandeza e nos conhecemos, em 1966, na Câmara dos Deputados e logo no primeiro encontro ficamos amigos. Fui apresentado por ele ao fantástico poeta J. G. de Araiujo Jorge, de quem tambem me tornei amigo, quando ele foi deputado Federal. Tomamos muito vinho juntos, nos bons tempos do Hotel Nacional de Brasília. Saudades.

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31/01/2015 - No espaço da poesia não palindrômica desta semana, coloquei umas das últimas bobagens que escrevi, após longa conversa com um bem-te-vi que - além do papagaio,  muito mais eloquente - é a outra ave que fala, mas ao contrário do que nuitos possam pensar, não é fofoqueiro, uma vez que nunca vai além das ameaças.   

VEM DE TI

Rômulo Marinho

Bem-te-vi, vem de ti esta canção,
Vem de ti a melodia, o enredo,
Do que vês ameaças delação,
Mas jamais revelaste o teu segredo.
Bem-te-vi, sou assim igual a ti,
Quase tudo sobre ela sei também,
O que faz, o que gosta, descobri,
Só pra mim, porque não conto pra ninguém.

Egoísta como sou fico calado

Pois por ela, há muito tempo, eu me perdi,
E ao contrário do teu jeito debochado,
Com certeza vou dizer que nada vi.
Meu desejo é tê-la um dia ao meu lado
Porque esse é sempre o sonho de quem ama
O segredo vou guardá-lo bem guardado
Só direi a ela o que sabia em nossa cama.

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24/01/15 - Hoje transcrevo a letra de uma canção, de autoria (música e letra) de Garoto - pseudônimo de Antônio Augusto Sardinha - que é uma das mais lindas e curiosas da MPB. A melodia é maravilhosa, o que não chega ser uma novidade no repertório do compositor, que faleceu muito jovem (39) e foi um dos maiores violonistas brasileiro de todos os tempos. Mas os versos, curtos e enxutos, sem rima de qualquer espécie, nem escrita nem sonora, com denso lirismo poético, surpreendem e fazem parte da única letra, da nossa composição popular, que fez sucesso, com essa característica. Confiram.  

Duas Contas

Autor (música e letra): Garoto
Teus olhos são duas contas pequeninas, 
Qual duas pedras preciosas, 
Que brilham mais que o luar. 
São eles, guias do meu caminho escuro, 
Cheios de desilusão e dor. 
Quisera que eles soubessem 
O que representam pra mim, 
Fazendo que prossiga feliz... 
Ai, amor... 
A luz dos teus olhos

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16/01/15 - Hoje o espaço se enfeita todo para receber obra do laureado poeta mineiro Anderson Braga Horta, há muito radicado na nossa amada Brasília que, a meu pedido, me encaminhou este encantador e encantado poema: “O Tempo do Homem”. Que esse tempo venha logo, mesmo que seja no bojo de uma nave espacial. Contém, ainda, uma surpreendente curiosidade no seu texto: um sucinto, apropriado e perfumado verso  palíndrômico. Descubram.

O TEMPO DO HOMEM

Anderson Braga Horta 

Quando chegar o tempo do Homem
Te cantarei os seios róseos,
Viajarei, lírico astronauta,
Às constelações de teus olhos

Quando chegar o tempo do Homem

Nas minhas mãos vinte e um satélites
Trarei, sorrindo, aos nossos filhos.
No vaso a rosa, inofensiva

Quando chegar o tempo do Homem

Mortos os sóis exorbitantes,
Alto, o Sonho achará sua órbita
E então nos amaremos lúcidos

Quando chegar o tempo do Homem

Não de escasso amor conjugado
Num futuro condicionado.
Amor atual, lauta romã.

Quando chegar o tempo do Homem

Amor sem susto, amor unânime,
Amor sem resíduos de estrôncio,
Amor sem filamentos de ódio

Quando chegar o tempo do Homem

Possamos tê-lo antegravado
No branco olhar dos nossos filhos,
Se forem cinza os nossos olhos

Quando chegar o tempo do Homem

Como anuncia-se o relâmpago
Que cegos-surdos o pressentem,
Assim —súbito— o saberemos

Quando chegar o tempo do Homem

Pois, quando for o tempo, rútila
Rosa na mão do Povo aberta
Nos dirá:  Llegó!  È venuto!
Chegado é o tempo!
Tempo de Homem.



Anderson Braga Horta nasceu em Carangola (MG) a 17.11.1934. Fez o Ginásio em Goiânia (GO), e Manhumirim (MG); o Clássico em Leopoldina (MG); a Faculdade Nacional de Direito na Universidade do Brasil (Rio de Janeiro, 1959). Encontra-se em Brasília desde1960, onde fez o primeiro vestibular da UnB, onde iniciou o Curso de Letras Brasileiras. Foi Diretor Legislativo da Câmara dos Deputados, professor de Português, cofundador da Associação Nacional de Escritores, de que foi secretário-geral, do Clube de Poesia de Brasília e de seu sucessor, o Clube de Poesia e Crítica, de que foi presidente, e da Associação Profissional, depois Sindicato dos Escritores do Distrito Federal. É membro da Academia Brasiliense de Letras, de que foi 1.º-secretário, e da Academia de Letras do Brasil, de que foi 2.º-secretário.

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CRÔNICA ESCRITA PELO DIPLOMATA JOSÉ VICENTE LESSA. 

o sou poeta. No entanto meu amigo Rômulo Marinho me incumbe de escrever algo sobre o tema (ou sobre palíndromos). Não posso negar que andei fazendo uns versos rimados a título de pura diversão. A razão é que certos pensamentos – assim me parece – somente podem ser apropriadamente expressas nesta forma. Há idéias que exigem uma engenharia das palavras, certa disciplina ou metodologia ou, para dizer de outra forma, uma poiésis.  A forma também supõe um certo tempo, um certo ritmo – ou sua eficácia se perde. Mas fazê-lo ainda não nos faz poeta.

Ou será que nos faz? Essa dúvida permanece insanável. O poeta não precisa ser aquele sonhador a externar sentimentos profundos da alma em profusão de adjetivos.  Tenho essa gente na conta de chatos.  A arte independe de seu estado de espírito. Ela existe como se fossem formas platônicas, no espaço, como a “coisa em si” metafísica. Tem início numa percepção, e não num sentimento. Assim é, por exemplo, a música. Nenhum sentido cognitivo existe numa sinfonia; e, ainda assim, ela faz todo sentido do mundo.  É quando a “coisa em si” schopenhaueriana se põe a cantar.

A poesia é uma ponte entre a universalidade da mera forma pura e os conteúdos intelectuais concretos. Acontece quando a força desses conteúdos não pode dispensar aquela condição. O discurso precisa encontrar sua música. Seria impensável, por exemplo, que Dante lograsse transmitir plenamente sua arte sem dar-lhe forma poética, assim como as tragédias shakespearianas não seriam trágicas se escritas em prosa. 

Não sou poeta, como já disse; mas, para gerar o efeito desejado, tal como ensinava Poe em sua Filosofia da Composição, algumas idéias não prescindem de seu método criativo – e este não é mais que a poiésis.  A expressão literária tem nesta sua razão essencial de ser.  Assim, ao trabalhar com palavras o autor se vê compelido, quase que inescapavelmente, a extrair-lhes a musica possível. E foi assim que, arrumando alguns palíndromos alusivos às manifestações de junho de 2013, me foi possível perpetrar os versos palindromáticos mais abjetos da história deste prestigioso blog:

            Ânimo do ódio doido o domina.
            A dar berro, corre, brada
            Laicos à luta. Matula social
            A dar gás à sua causa sagrada           

José Vicente Lessa
Cantão, China,
31/12/2014

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24/12/14 - Fiz esses versos para uma linda canção composta pelo meu saudoso amigo Heitor Avena de Castro, o maior citarista basileiro de todos os tempos, no Natal de 1959. Vocês de vez em quando poderão ouvi-la, no período que o antece, nos mais variados recintos de Brasília, cantada pelo Coral Alegria, regido pela minha amiga Ana Bocuti e acompahamento musical, ao violão, do meu estimado confrade Nestor Kirjner.

           É NATAL!

Valsa

Autores: Avena de Castro e Rômulo Marinho. 

É NATAL, É NATAL.
FESTA DO SALVADOR,
QUE NASCEU EM BELÉM,
FILHO DE DEUS
E NOSSO SENHOR.
É NATAL, É NATAL,
QUANTA TERNURA ENCERRA,
NO CEÚ E NA TERRA
É FESTA TOTAL
PORQUE CHEGOU O NATAL.

EU CRESCI, CRESCI,
MAS NO NATAL
A CRENÇA NÃO PERDI,
QUEM ME DERA,
NESTE MÊS,
RETORNAR A INFÂNCIA
OUTRA VEZ.
QUE NOS LARES
 SEJA ETERNA
            ESSA PAZ DE 
            NOITE FRATERNA. 

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24/12/14 - Poema de Natal

VInícIus de Morais

Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos —
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.
Assim será nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos —
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez, de amor
Uma prece por quem se vai —
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte —
De repente nunca mais esperaremos…
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.

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20/12/14 - Poema EVOLUÇÃO, de Guerra Junqueiro, poeta português que, desde muito jovem,  admiro.  Saudosos tempos em que eu sabia de cor e salteado - como se dizia antigamente - sua poesia magna: O MELRO.

EVOLUÇÃO

Guerra Junqueiro.

Arde o corpo do sol, brotam feixes de luz: 
O que é a luz? 
Sol que morreu. 

Dardeja a luz, dardeja e pulveriza a fraga: 
Vai nesse pó, que há-de ser terra, 
A luz extinta. 

Gerou a terra a seara verde: 
Hastes e folhas da seara verde 
Comeram terra. 

A seara é grada, o trigo é loiro: 
Deu trigo loiro, 
Morrendo ela. 

O trigo é pão, é carne e é sangue: 
Sangue vermelho, carne vermelha, 
Trigo defunto. 

Em carne e em sangue, eis o desejo: 
Vive o desejo, 
De carne morta. 

Arde o desejo, eis o pecado: 
Que são pecados? 
Desejos mortos. 

Queima o pecado o pecador: 
Nasceu a dor; findou na dor 
Pecado e morte. 

A alma branca, iluminada, 
Transfigurada pela dor, 
Essa não vai à sepultura 
Porque é já Deus na criatura, 
Porque é o Espírito, é o Amor. 

Na vida vã da terra sepulcral 
Só o amor é infinito e só ele é imortal. 

Morreu a luz, pulverizando a fraga, 
Morreu a poeira, alimentando a seara; 
Morreu a seara, que gerou o trigo; 
Morreu o trigo, que deu vida à carne; 
Morreu a carne, que nutriu desejo; 
Morreu desejo, que se fez pecado; 
Morreu pecado, que floriu em dor; 
Morreu a dor, para nascer o Amor! 

E só o Amor na vida sepulcral 
É infinito e é imortal! 

Abílio Manuel Guerra Junqueiro
Nascimento: 15 de setembro de 1850 – Freixo de Espada à Cinta – Portugal
Morte: 7 de julho de 1923 (72 anos) Lisboa – Portugal
Ocupação: Jornalista, poeta, escritor, diplomata, político.

ASSINATURA
Guerra Junqueiro signature.jpg


Guerra Junqueiro, in 'Poesias Dispersas' 
// Consultar versos e eventuais rimas

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13/12/14 - Tom Jobim, um dos maiores compositores brasileiros de todos os tempos, nunca se disse poeta e sempre fez canções para que outros colocassem letras. Começou com a fantástica Dolores, que também era compositora e terminou com Vinícius, com o qual fez obras primas da MPB. Ele era um fervoroso contemplador da natureza. Um dia resolveu escrever uma letra para melodia que acabara de produzir e fez essa maravilhosa Águas de Março.

Águas de Março

 Tom Jobim


É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um caco de vidro, é a vida, é o sol
É a noite, é a morte, é o laço, é o anzol
É peroba do campo, é o nó da madeira
Caingá, candeia, é o Matita Pereira
É madeira de vento, tombo da ribanceira
É o mistério profundo, é o queira ou não queira
É o vento ventando, é o fim da ladeira
É a viga, é o vão, festa da cumueira
É a chuva chovendo, é conversa ribeira
Das águas de março, é o fim da canseira
É o pé, é o chão, é a marcha estradeira
Passarinho na mão, pedra de atiradeira
É uma ave no céu, é uma ave no chão
É um regato, é uma fonte, é um pedaço de pão
É o fundo do poço, é o fim do caminho
No rosto o desgosto, é um pouco sozinho
É um estrepe, é um prego, é uma ponta, é um ponto
É um pingo pingando, é uma conta, é um conto
É um peixe, é um gesto, é uma prata brilhando
É a luz da manhã, é o tijolo chegando
É a lenha, é o dia, é o fim da picada
É a garrafa de cana, o estilhaço na estrada
É o projeto da casa, é o corpo na cama
É o carro enguiçado, é a lama, é a lama
É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã
É um resto de mato, na luz da manhã
São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração
É uma cobra, é um pau, é João, é José
É um espinho na mão, é um corte no pé
São as águas de março fechando o verão,
É a promessa de vida no teu coração
É pau, é pedra, é o fim do caminho
É um resto de toco, é um pouco sozinho
É um passo, é uma ponte, é um sapo, é uma rã
É um belo horizonte, é uma febre terçã
São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração
Pau, pedra, fim, caminho
Resto, toco, pouco, sozinho
Caco, vidro, vida, sol, noite, morte, laço, anzol

São as águas de março fechando o verão
É a promessa de vida no teu coração.

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06/12/14 - Quando, há alguns anos, estourou o escândalo de corrupção política mediante a compra de votos de parlamentares no Congresso Nacional, negociata denominada de mensalão pelo denunciante, deputado Roberto Jefferson, do Partido Trabalhista Brasileiro, e liderada pelo Chefe da Casa Civil da Presidência da Republica, Jose Dirceu, segundo condenação criminal do Supremo Tribunal Federal, os brasileiros ficaram estupefatos. Por outro lado, toda a mídia, denunciando o abominável acontecimento, relatava que o Presidente da Republica, consultado sobre as denúncias, afirmara que nada sabia, chegando a pedir desculpas a nação pelo fato. É claro que os brasileiros não acreditaram que ele ignorasse, pois tudo ocorrera, às escâncaras, no seu quintal. Os humoristas brasileiros deitaram e rolaram sobre essa inverdade e publicaram-se dezenas de piadas e cartuns sobre a inacreditável afirmação. O Pacotão, maior bloco carnavalesco de Brasília, que se celebrizou, desde o regime militar, por rir e debochar de incidentes similares nos seus desfiles, glosou o assunto e as declarações e eu, engajado nessa forma de protesto que herdamos dos romanos, isto é, ridendo castigat mores (corrija os costumes sorrindo), participei do concurso da escolha da música  que daria o tom ao desfile do ano (2007) com uma marchinha cuja letra segue abaixo:

JURO QUE NÃO SABIA

QUE DEPOIS DA NOITE VEM O DIA
QUE DOIS E DOIS SÃO QUATRO EU NÃO SABIA
QUE SEU CABRAL VEIO LÁ DE PORTUGAL
QUE O REI MOMO É UM REI DE FANTASIA
QUE O BRILHANTE LÁ DO CÉU SE CHAMA SOL 
QUE SOMOS PENTACAMPEÕES DE FUTEBOL
QUE O FALECIDO SE ENTERRA NUM CAIXÃO
E NÃO SABIA DESSE TAL DE MENSALÃO

EU NÃO SEI NÃO, EU NÃO SEI NÃO.
QUERO SOMBRA, AGUARDENTE E MORDOMIA.
EU NÃO SEI NÃO, EU NÃO SEI NÃO.
ASSIM MONTEI A MAIOR PIZZARIA

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28/11/14 - Pesquisei na internet, esta semana, poesia brasileira tendo como temática nossa escancarada corrupção na área política (mensalão, petrolão, etc. – está sempre na moda. Haja cadeia. Não é que a Lava Jato flagrou o tal de Pedro Corrêa, do PP - esse é o "partido dos picaretas" - já condenado no processo do mensalão, novamente, se locupletando com dinheiro espúrio. Os caras são insaciáveis). Encontrei ótimas criações, mas a que mais me agradou, pelo seu poder de síntese, estava no site do Jornal da Besta Fubana (uma gazeta da bixiga lixa), de autoria do poeta Antônio  Dutra

Os políticos do meu Brasil
São lenha da mesma mata
Pólvora do mesmo barril
Ferro da mesma sucata
Veneno da mesma cobra
Sobejo da mesma sobra
Ferrugem da mesma lata

(dados biográficos do autor não foram publicados).

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O POETA DO ABSURDO

ORLANDO TEJO / ZÉ LIMEIRA

Dois poemas tendo como mote o Novo Testamento

Jesus nasceu em Belém

conseguiu sair dali
passou por Tamataí
por Guarabira também.
Nessa viagem de trem
foi parar num entrocamento.
Não encontrando aposento
dormiu na casa de um cabo
jantou cuscus com quiabo
diz o Novo Testamento"".

E esse:


“Pedro Álvares Cabral

inventor do telefone
começou tocar trombone
na Volta de Zé Leal.
Mas como tocava mal
arranjou dois instrumento
daí chegou um sargento
querendo enrabar os três.
Quem tem razão é o freguês
diz o Novo Testamento"".


23/11/14 - Orlando Tejo nasceu em 1935, na cidade de Campina Grande, PB. Bacharel em Direito, poeta, ensaísta, jornalista, folclorista, professor, publicou um livro Intitulado “Zé Limeira, poeta do absurdo”. É o próprio, que se esconde sob esse pseudônimo. Poeta muito talentoso, modestíssimo, morou uns tempos em Brasília e ficamos amigos. Encontrávamos vez por outra. A primeira vez que o convidei para beber um uísque comigo – ficou inesquecível - ele respondeu de cara: “Eu sou alcoolotra, não bebo.” Grande figura humana. Uma noite de um dia qualquer, de um mês qualquer, de 1990, ele me deu o prazer de trazer a minha casa o seu grande amigo Ronaldo Cunha Lima, que eu já conhecia como ex-adverso (ele como advogado de um Deputado Federal da Paraíba e eu da ex-mulher), outro grande vate. Convidei também alguns amigos músicos e cantores. Tivemos uma noite maravilhosa de poesia e canções. Eu bebendo vinho, meus outros amigos bebendo uisque, o Orlando Tejo bebendo água, enquanto o Ronaldo recitava para nós seu maravilhoso poema "Habeas Pinho". Não me lembro o que ele bebia, mas me recordo de que ele fez tremendo sucesso. No ano seguinte foi eleito governador da Paraíba e depois Senador. Era um ótimo cara, bastante inteligente. Foi a última vez que o vi. Jamais procuro amigos quando eles chegam ao poder. O poder muda muito as pessoas. Mesmo sendo poeta. E eu não quero revê-los com essa nova personalidade.

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Poema de Manoel de Barros

A maior riqueza do homem
É a sua incompletude,
Nesse ponto sou abastado
Palavras que me aceitam como sou – eu não aceito.

Não agüento ser apenas um sujeito que abre portas,

que puxa válvulas, que olha o relógio,
que compra pão às 6 horas da tarde,
que vai lá fora, que aponta lápis,
que vê a uva etc. etc.

Perdoai

Mas eu preciso ser Outros.
Eu penso renovar o homem usando borboletas.

16/11/14 - Gosto muito deste poema do Manoel de Barros, amante da natureza, que, como o joão-de-barro, soube construir sua casa de alvenaria na literatura brasileira. Um torrão de barro, perfumado pela inteligência, aqui, outro acolá, a cada dia. Mas adoro mesmo é a sua primeira estrofe. Todos, certamente, descobrirão o porquê.


Por falar em joão-de-barro, abaixo uma trova que fiz, há muitos anos, em sua homenagem (e publicada em livro editado pela academia a qual pertenço, ALMUB – Academia de Letras e Música do Brasil). Reflete a enorme admiração que tenho pelo multiplo talento - engenheiro, mestre de obra e operário - desse formidável pássaro que (sem querer depreciar os demais, habitantes de taperas), pertence a uma espécie cujos casais, há séculos, se domiciliam, para constituir família, em apartamento de cobertura. Agradeço, ainda, a eles que, vivendo em permanente emulação e sonora batalha com os outros passarinhos, preenchem meu pomar de linda musicalidade.

O homem ainda na caverna,
João de Barro já fazia
Cobertura bem moderna,
Em casa de alvenaria.

16/11/14 - Meus sentimentos de pesar à família pelo faleciment do poeta, que oocorreu nesta semana. Grande Poeta Manoel Wenceslau Leite de Barros, com maiúsculas, brasileiro do século XX, pertencente cronologicamente à geração de 45, mas formalmente ao pós-Modernismo brasileiro, se situando mais próximo das vanguardas, como analisam os críticos.

   Nascimento: 19 de dezembro de 1916 (97 anos)  Mato Grosso.
      Filiação: João Wenceslau Barros    
      Mulher. Stella de Barros.
      Filhos: Marta de Barros, Pedro de Barros, João de Barros

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FELIZ SÓ SERÁ

Goethe

Feliz só será
A alma que amar
Estar alegre
E triste
Perder-se a pensar
Desejar
E recear
Suspensa em penar
Saltar de prazer
De aflição morrer
Feliz só será
A alma que amar


09/10/14 - Johann Wolfgag von Goethe foi um escritor alemão e pensador que também fez incursões pela campo da ciência. Como escritor, Goethe foi uma das mais importantes figuras da literatura alemã e do Romantismo europeu.


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Trova de Fernando Pessoa
O poeta é um fingidor
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente


25/10/14 - Fernando António Nogueira Pessoa, mais conhecido como Fernando Pessoa, foi um poeta, filósofo e escritor português. Fernando Pessoa é o mais universal poeta português


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18/10/14 - Já fumei muito. Mas muito mesmo. Às vezes, escrevendo petições e recursos na máquina datilográfica, acendia um cigarro no outro. Tive enfarte e aneurisma na aorta. Meu enfarte aconteceu aos cinqüenta e seis anos de idade, quando fiz operação de safena e nunca mais pus um cigarro na boca. E, também, nunca mais tomei bebida destilada. Só vinho. E vinho tinto. O aneurisma se tornou bem visível por volta dos sessenta e seis. Nova operação. Hoje, aos oitenta e dois, sou, literalmente, um sobrevivente. Pouco tempo após a ponte de safena, para fortalecer minha vontade de abandonar o maldito vício, de tomar vergonha a cara, fiz um samba cuja letra segue abaixo.  “Fumante”. Auto-gozação. Deu certo. Quem quiser ouvi-lo, irá encontrá-lo facilmente na internet. Abaixo estou postando a letra. Ele é utilizado no Rio de Janeiro, como terapia, para auxiliar aqueles que querem deixar de fumar, pelo Centro de Proteção ao Tabagista, do meu amigo Doutor. Alexandre Milagres. Já foi executado até num Congresso Internacional de Combate ao Fumo. Foi gravado por duas grandes cantoras: Gisa Pitan e Cristiane Goulart. 


                    FUMANTE

                         Eu sou fumante
                   à luz do sol e do néon,
                   quem não gosta de cigarro
                   desconhece o que é bom.
                   Também não sabe
                   que a bronquite infernal,
                   juntamente com o pigarro,
                   são meu charme matinal.
                   Vivo soprando por ai muita fumaça,
                   com alegria pose e graça,
                   perfumando os salões,
                   e, assim, de cores,
                   consegui os tons mais belos,
                   são meus dentes amarelos
                   e marrons os meus pulmões.

                   Para meus brônquios
                   alcatrão é vitamina
                   e a doce nicotina, esperança de troféu,
                   pois do tabaco hei de ter a minha flor,
                   um fantástico tumor,
                   que me levará ao céu.
                   Mas, se não ganho, afinal, o caranguejo,
                   há ainda um desejo
                   que eu quero consumado:
                   já que eu não posso ter de tudo
                   eu quero parte,
                   pelo menos um enfarte,
                   pra também ser safenado

                   A impotência
                   não assusta camarada,
                   vale mais uma tragada
                   que o prazer sexual.
                   Um enfisema não está fora dos meus planos.
                   pois fumante há muitos anos,
                   o evento é natural.
                   Uma gastrite duodenal, uma esclerose,
                   finalmente, em dupla dose,
                   sei que um dia vou ganhar.
                   E vou vivendo, assim feliz, a minha vida,
                   até que a morte bem sofrida
                   possa então nos separar.
.................................................

                   Para tristeza da família e dos amigos,
                   companheiros de perigo,
                   tabagista sem fumar.



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Shakespeare sobre o amor.

"Amor quando é amor não definha
E até o final das eras há de aumentar.
Mas se o que eu digo for erro
E o meu engano for provado
Então eu nunca terei escrito
Ou nunca ninguém terá amado".
 

11/10/14 - William Shakespeare, poeta e dramaturgo inglês, 
considerado como o maior escritor do idioma inglês e o mais 
influente dramaturgo do mundo. É chamado frequentemente 
de poeta nacional da Inglaterra e de "Bardo do Avon"

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FRASES DE CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE

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04/10;14  - Nascimento: 31 de Outubro de 1902
Morte: 17 de Agosto de 1987 (84 anos)
Ocupação: Contista
Biografia: Carlos Drummond de Andrade foi um poeta, contista e cronista brasileiro.

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Língua Portuguesa

Olavo Bilac

Última flor do Lácio, inculta e bela, 
És, a um tempo, esplendor e sepultura: 
Ouro nativo, que na ganga impura 
A bruta mina entre os cascalhos vela...

Assim, desconhecida e obscura, 
Tuba de alto clangor, lira singela, 
Que tens o trom e o silvo da procela 
E o arrolo da saudade e da ternura! 

Amo o teu viço agreste e o teu aroma 
De virgens selvas e de oceano largo! 
Amo-te, ó rude e doloroso idioma, 
que da voz materna ouvi: "meu filho!" 
E em que Camões chorou, no exílio amargo, 
gênio sem ventura e o amor sem brilho! 


27/09/14 - Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac foi um jornalista e poeta brasileiro,
membro fundador da Academia Brasileira de Letras. Criou a cadeira 15 da
instituição, cujo patrono é Gonçalves Dias.

Nascimento: 16 de dezembro de 1865,Rio de Janeiro, Rio de Janeiro

Falecimento: 28 de dezembro de 1918,Rio de Janeiro, Rio de Janeiro



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AMOR É FOGO QUE ARDE SEM SE VER. 

Luís de Camões

Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Luís de Camões
    
19/09/14 - Luís Vaz de Camões foi um poeta de Portugal, considerado uma das maiores
figuras da  literatura em língua portuguesa e um dos grandes poetas do Ocidente.
Pouco se sabe com certeza sobre a sua vida.
Nascimento: 1524, Coimbra
Falecimento: 10 de junho de 1580,Lisboa
Educação: Universidade de Coimbra
Sepultamento: Mosteiro dos Jerónimos, Lisboa, Portugal
Obras: Os Lusíadas, Rimas [microform],Filodemo, mais
Filiação: Simão Vaz de Camões, Ana de Sá de Macedo 


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POEMA SUJO

Ferreira Gular

(Trecho de Poema Sujo, de Ferreira Gullar)

turvo turvo
a turva
mão do sopro
contra o muro
escuro
menos menos
menos que escuro
menos que mole e duro
menos que fosso e muro: menos que furo
escuro
mais que escuro:
claro
como água? como pluma?
claro mais que claro claro: coisa alguma
e tudo
(ou quase
um bicho que o universo fabrica
e vem sonhando desde as entranhas
azul
era o gato
azul
era o galo
azul
o cavalo
azul
teu cu
tua gengiva igual a tua bocetinha
que parecia sorrir entre as folhas de
banana entre os cheiros de flor
e bosta de porco aberta como
uma boca do corpo
(não como a tua boca de palavras) como uma
entrada para
eu não sabia tu
não sabias
fazer girar a vida
com seu montão de estrelas e oceano
entrando-nos em ti
bela bela
mais que bela
mas como era o nome dela?
Não era Helena nem Vera
nem Nara nem Gabriela
nem Tereza nem Maria
Seu nome seu nome era…
Perdeu-se na carne fria
perdeu na confusão de tanta noite e tanto dia

12/09/14 = Há, nessa passagem, o uso consciente de vogais e consoantes que sugerem um conflito entre o desejo pela expressão exata e a impossibilidade de transpor para o verso as impressões da vida real. Esse embate repercute na utilização das consoantes oclusivas [t] e [p], que reproduzem sons fortes e pesados, mostrando que o poema começa a se revelar, mas ainda se acha à mercê dos óbices de transformar em linguagem poética a experiência profunda, armazenada como sentimentos, emoções e recordações. Por outro lado, as vogais [o] e [u] também causam a sensação de fechamento e escuridão, sem mencionar que a palavra muro realça esse labor com a linguagem (comentarios extraidos da internet).

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05/09/14 - No palíndromo desta semana aludi ao cara que, após chegar ao poder,  declarou nunca ler lido um livro. Ele disse isso como se tal exercício lhe provocasse repugnância. Resolvi, por essa razão, para manter o equilíbrio da coluna, publicar Obra Prima do poeta Castro Alves, pouco conhecida, enaltecendo uma das mais importantes invenções da humanidade.
                                      
                                          O LIVRO                      
                                        
                                          Castro Alves    
                             
                            Oh! Bendito o que semela
                     livros à mão cheia
                     E manda o povo pensar
                     O livro, caindo n'alma
                     É germe – que faz a palma
                     É chuva – que faz o mar!



Como disse o poeta, o livro "é germe que manda o povo pensar". Ele não gosta que o povo pense.

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29/08/14 - No Espaço da Poesia desta semana versos de um samba, de minha autoria, satirizando os candidatos picaretas que atormentam nossa vida durante quatro, cinco meses. A composição é de 1988, quando foram instituidas eleições em Brasília.    . 

SAMBA DO CANDIDATO

Autor: Rômulo Marinho


Brasília virou um saco de gatos,

Em cada canto que eu vou há candidatos,
A deputado, senador, governador,
Há muito mais candidato que eleitor.
Até se estou lá no boteco sossegado,
Pinta um cara que comigo nem falava,
Com um sorriso e um papo bem furado,
Me comunica o que eu já desconfiava

Fico na minha e assim nada pergunto,

Mas o careta não se manca e vai em frente,
Muda de pose, só não muda de assunto,
E diz que tem uma proposta diferente.
Que já iniciou sua campanha,
Mas não promete nada em sua plataforma,
Não obstante ele está certo de que ganha,
Porque apóia um programa de reformas

Alguém pergunta então ao candidato:

"Do seu programa, qual a meta principal?"
Ele responde que durante o seu mandato,
Primeiramente, como é muito natural.
Vai reformar sua mansão de residência,
Cara de pau como ele eu nunca vi,
Depois vai reformar sua aparência,
Procurando lá no Rio o Pitangui

E depois dessas reformas tão estranhas,

O candidato, antevendo tantas glórias,
Endividado em decorrência da campanha,
Irá aos bancos reformar as promissórias.
E, finalmente, o candidato triunfante.
Fã da mulher do seu cabo eleitoral.
Vai assumir de uma vez a sua amante.
Reformando a sua vida conjugal;

"Tá tudo certo, sob o sol nada de novo!"

Alguém falou logo assim que ele partiu,
Pois candidato sendo eleito quer que o povo
Não encha o saco e vá morar em Chernobil


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DUAS TROVAS DE AUGUSTO DOS ANJ0S


Falas de amor, e eu ouço tudo e calo!
O amor da Humanidade é uma mentira.
É. E é por isso que na minha lira
De amores fúteis poucas vezes falo.

=O-O-O=O=

A Esperança não murcha, ela não cansa,
Também como ela não sucumbe a Crença,
Vão-se sonhos nas asas da Descrença,
Voltam sonhos nas asas da Esperança.


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Vinicius de Moraes, o poeta do amor. Ninguém falou de amor em versos como ele, não só no Brasil, no mundo. Ou, como disse Manoel Bandeira, num poema, não de Moraes, mas dos imorais. Despiciendo dizer quem foi. Desse magnífico soneto do Vina roubei - plagiador confesso - a idéia do título, ao fazer o Palíndromo do Amor Total, que doravante andarão juntos. Já que não consigo ser tão bom, me junto a quem é esplendoroso, na vã tentativa de absorver talento por osmose. .



  Soneto do Amor Total

Amo-te tanto, meu amor… não cante
O humano coração com mais verdade…
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade

Amo-te afim, de um calmo amor prestante,
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.

Amo-te como um bicho, simplesmente,
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.
]
E de te amar assim muito e amiúde,
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.

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Palíndromo do Amor Total

ÁVIDO?
AMA-LA NA TABA, NO TOCO DA CASA,
NO MURO, NO PAÇO, NA POÇA,
NA MACA, NA LIVRE SALA,
SERVI-LA NA CAMA,
NA COPA, NO CAPÕ, NO RUMO,
NA SACA DO COTO, NA BATA, NA LAMA... 
Ó DIVA!

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Versos Íntimos


Augusto dos Anjos

Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão – esta pantera –
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
           


09/08/14 - Outro dos meus poetas prediletos, a morte dos sonhos, solidão e pessimismo são algumas das marcas da sua poética. É um dos poetas mais originais da literatura brasileira. Nasceu no engenho Pau d'Arco, Paraíba (20/04/1884). Quando estava no curso secundário, Augusto começou a mostrar uma saúde delicada e um sistema nervoso abalado. Como a grande maioria dos poetas brasileiros, estudou direito a partir de 1903, na Faculdade de Direito do Recife onde teve contato com o trabalho "A Poesia Cientifica", do professor Martins Junior. Formado em 1907, preferiu não advogar e ensinar português. Casou-se, em 4 de julho de 1910, com Ester Fialho. Falecido, em 2/11/1914, na cidade de Leopoldina-MG, de pneumonia, aos trinta anos de idade, portanto, ainda, como Castro Alves, no auge de sua criatividade. 

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01/08/14 - Trago, novamente, para este espaço, mais um poema de Manoel Bandeira. “Porquinho-da-Índia” é uma de suas obras que mais gosto. Profundamente lírica, me faz recordar, com saudade, tempos da minha infância no interior.

Porquinho-da-Índia

Manoel Bandeira

Quando eu tinha seis anos
Ganhei um porquinho-da-Índia.. 
Que dor de coração me dava,
Porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão!
Levava ele pra sala,
Para os lugares mais bonitos, mais limpinhos.
Ele não gostava:
Queria era estar debaixo do fogão.
Não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas…
— O meu porquinho-da-índia foi minha primeira namorada...

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É NA LOUCURA QUE ME SINTO GENTE

(Nestor Kirjner)

Amo o imperfeito que, vibrante,
será mais-que-perfeito neste instante.

Sorrio das mancadas que, no cano,
me fazem mais perfeito e mais humano.

Solto, me contenho, e então mais leve
que estando macambúzio, triste e grave,
grito, e então me calo, e sou mais dócil
do que contendo aquilo que não falo.

Salto, livre, em meus caminhos tolos,
e me rebelo, se me torno sério.
E fico doido, a me esgaçar em pulos,
pois na loucura é que me sinto belo.

Falo-te assim, simples, francamente:
só na loucura é que me sinto gente!

Chego a Deus pelo inferno, e quase rezo...
É vida nova que em meu ser se espalha!
Prostituto, reles, gigolô, canalha,
enfim te amo, porque estou mais terno.

Depois de tudo, tenho a paz comigo.
Estou cansado, mas estou liberto.
Em teus cabelos, vou voltar à sina
e ser feliz, por te saber tão perto.

Nestor Kirjner. Doutor Honoris Causa da Academia de Letras do Brasil. Professor de Música, diplomado em 1958, aos 14 anos. Compositor de letra e música desde os 7 anos , ou seja, há 63 anos, com mais de 100 composições/parcerias. Diretor musical do Coral Alegria há 12 anos. Escritor e jornalista cultural, Acadêmico em três Academias de Letras, participante de várias antologias, revisor de textos. Acadêmico de Música numa Academia de Música de âmbito nacional. Autor do único disco em homenagem a Brasília feito totalmente com músicas de um só compositor. Por seu trabalho cultural, recebeu diversas medalhas e títulos, entre elas duas Menções de Louvor da Câmara Legislativa do Distrito Federal e a Medalha Bernardo Sayão. Gaúcho de nascimento, engenheiro aposentado, 70 anos de idade. Tem um disco gravado e outro em fase de conclusão.  

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VELEIRO 

 

Waldo Luis Viana

 

Fui teu pai,
Quando estavas aflita,
E teu irmão,
Nas horas de consumação brutal,
E teu amigo
Pus-me inteiro a te acusar
E navegante,
Amante fui, veleiro teu.
E linha do horizonte.

 

Rômulo,

Grande palindromosista,

Então lá vão os dois poemas de apresentação de meu livro,

ANTOLOGIA POÉTICA. editado no

Waldo Luis Viana

 

clubedeautores@clubedeautores.com.br



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Todos os meus amigos sabem que sou grande admirador do poeta Manoel Bandeira. Assim ninguém haverá de estranhar que eu traga, nesta semana de 11 a 18/07/14, para este espaço, uma de suas poesias mais bem humoradas

 

Rondó de efeito


 Manuel Bandeira


"Olhei para ela com toda a força,
Disse que ela era boa,
Que ela era gostosa,
Que ela era bonita pra burro:
Não fez efeito.
Virei pirata:
Dei em cima de todas as maneiras,
Utilizei o bonde, o automóvel, o passeio a pé,
Falei de macumba, ofereci pó...
À toa: não fez efeito.
Então banquei o sentimental:
Fiquei com olheiras,
Ajoelhei,
Chorei,
Me rasguei todo,
Fiz versinhos,
Cantei as modinhas mais tristes do repertório do Nozinho.
Escrevi cartinhas e pra acertar a mão, li Elvira a Morta Virgem
(Romance primoroso e por tal forma comovente que ninguém
pode lê-lo sem derramar copiosas lágrimas...)
Perdi meu tempo: não fez efeito.
Meu Deus que mulher durinha!
Foi um buraco na minha vida.
Mas eu mato ela na cabeça:
Vou lhe mandar uma caixinha de Minorativas,
Pastilhas purgativas:
É impossivel que não faça efeito."

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12/07/14 - Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho foi um poeta, crítico literário e de arte, professor de literatura e tradutor brasileiro. 
Nascimento19 de abril de 1886, Recife, Pernambuco
     Falecimento13 de outubro de 1968 -  Rio de Janeiro, 


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Copa das Copas
Gustavo Dourado 

O Brasil precisa ganhar:
A Copa da Educação…
Melhorar nossa Saúde:
Acabar a corrupção…
Elevar a consciência:
Dar voz à população…

Democracia na mídia:
Espaço para a cultura…
Menos novelas, mais livros:
Incentivo à leitura…
Mais emprego + salário:
Mudança na estrutura…

Não à alienação:
Na tv de cada dia…
Big Brother, sacanagem:
Ausência de poesia…
Vive-se a manipulação:
Vil mentira, hipocrisia…

Distração, entretenimento:
A mídia a enganar…
Publicidade, propaganda:
Con$umo a dilacerar…
Quando chega o fim do mês:
Haja conta pra pagar…

O povo vive iludido:
Por novela e blá blá blá…
Padece nos hospitais:
Correndo de lá pra cá…
Solução para os problemas: 
Que não fique no será…

Brasil o país do agora:
Pra construir o futuro…
Que se acabe as mazelas:
Que se derrube o muro…
Que se valorize o povo:
Ente o claro e o escuro…

É bom ganhar a Copa:
Mas temos que prosperar…
Valorizar nossas riquezas:
Não deixar nos explorar:
Tomar conta do quintal:
Pro gringo não comandar…

Somos um país rico:
Tanta riqueza mineral;;;
Que se eduque o povo:
Sem fila no hospital…
Menos criminalidade:
Sem política canibal… 

O povo quer o melhor:
Segurança, moradia…
Educação de primeira:
Paz, amor e alegria…
Sem ter discriminação:
Sem pobre e sem burguesia… 

Fim da fome analfabeta:
Que se acabe a exploração…
Que não haja mais miséria:
Tortura e escravidão…
Que o povo seja feliz: 
Com o fim da alienação…

Gustavo Dourado

05/07/14 - Gustavo Dourado, 18/05/1960, Ibititá, Bahia, Além de meu amigo, é escritor, poeta, professor, pesquisador, jornalista, membro do Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal, da União Brasileira de Escritores, diversas entidades culturais do DF e Presidente da Academia Taguatinguense de Letras.

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 FÁBULA BRASILIANA

Net 7 Mares

A Raposa, em solene juramento,
Adotou o modelo gramsciano:
Pra evitar cometer um novo engano,
Esconjurou armas e enfrentamentos

A raposa nutria um velho plano
De, com a ajuda de velhas ratazanas,
Compradas por um tal Dirceu sacana,
Fazer, do Brasil, um "éden" cubano  

Mas um lobo, vestido de cordeiro,
Que mandava há mais tempo no terreiro,
Gozando das benesses colossais,  

Disse à fera: "Cheguei aqui primeiro...
Posso dar-lhe a guarda do galinheiro,
Mas não esquece: sou o rei dos animais”.

28/06/14


ANSELMO CORDEIRO é o seu nome de batismo.  NET 7 MARES é o pseudônimo registrado que usa na assinatura de seus poemas, ou quando trata de assuntos da poesia. Carioca, militar reformado da Marinha de Guerra, poeta e escritor, com formação em Letras/Inglês na UFMS  e UECE.
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjFy7DrHoquMpxWqLnQwmZnmA719B2RBx7SfVQ-wcv-J_p0golMtLJBEFI862n4M_usY-bc0jeIkevs5QXFEsbhVDhluRAU9G6k89ZQbQkQcdt-JY91ua71zITuVVCri4_N56pfBAAhrFUu/h120/Tomando_caf%25C3%25A9_menor.gif     Sua poética transita pelo neoparnasiano-lírico, onde a preocupação com a forma é uma constante, e a  figura da musa inspiradora,  real ou imaginária,  está, quase sempre, presente. Fiel ao princípio de que a Poesia deve ser escrita para o grande povo leitor, e não apenas para intelectuais, faz uso de linguagem e figuras simples em suas composições, de modo a alcançar melhor aquele destinatário ideal. Algumas de suas crônicas e poemas estão publicados no seu blog, em  http://net7mares.blogspot.com.br/2012/04/mar-da-alma.html.
     Neste mergulho desajeitado em seu ego, declara-se um apaixonado pelo idioma pátrio; um defensor  ferrenho dos Direitos Humanos, proclamados na Declaração Universal promulgada pela ONU, principalmente no que se refere ao DIREITO À LIVRE EXPRESSÃO DO PENSAMENTO; e um intransigente e obstinado guerreiro na luta contra todas as formas de transgressões éticas, notadamente aquelas do meio político ========================================


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AFAGOS DE MULHER

Antônio Temoteo dos Anjos Sobrinho,

Que belas encostas na cama estendidas
de um lado da cama largadas no espaço,
abaixo redondas, as ancas crescidas 
se alongam nas pernas formando um compasso. 

Em meio ao compasso... da mão enrustida 
rebola-se um dedo na encosta, devasso, 
enquanto discreto, nas abas tingidas
um halo de orvalho umedece o regaço.


Então freme o corpo, o compasso se amplia,
a estreita nascente recresce... há magia,
o corpo desanda em grotescos bailados,


o púbis se eleva e revela segredos:
Um caldo bem grosso do gozo entre os dedos 
despenca entre os pelos por entre os afagos

21/06/14 - Antônio Temoteo dos Anjos Sobrinho,18.01.1940, Piatã - Bahia, professor universitário,
advogado, procurador, poeta. É membro do Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal, da Associação Nacional de Escritores e diversas academias culturais de Brasília.Foi Presidente do Conselho de Cultura do Distrito 
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Este soneto do Temóteo me lembrou de um palíndromo latino, RM:

SUMITIS A VERITIS SITIR EVA SITIMUS.

Tradução: SUAVISADOS PELAS COISAS QUE DEVEM SER RESPEITADAS, SENTIMOS A MESMA SEDE DE EVA.

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